Thomas Ender, pintor austríaco na corte de D.João VI no Rio de Janeiro: um episódio da formação da classe dirigente brasileira,

muito diverso. Recebida a gleba, mandava o contemplado construir rancho e roçar o terreno à volta, para simular cumprimento dos termos da doação. Depois vendia com lucro o régio presente e logo pleiteava outra sesmaria de maiores dimensões. O fato de não ter remanescido, no correr do século 19, nas mãos de Paulo Fernandes, Fernando Carneiro, Manoel Jacinto, mais cunhados e afins, essas enormes glebas, nem sequer fração das mesmas, apoia a veracidade do francês. O processo altamente remunerador para negocistas, emperrava, porém, a produção, a provocar o afastamento de bons lavradores, cujo trabalho era mais rendoso que o de escravos.

Transposta a divisa dessa região litigiosa, passavam os cientistas a paisagens diversas das fluminenses. Ender retratou os viajantes a cavalo, à testa do comboio que formavam, debaixo de guarda-sol branco e chapéus de largas abas caídas(13). Nota do Autor Assim chegaram a Areias, recém-promovida à cidade, com a igreja nova (1817) na praça principal ainda em construção. Recebeu-os condignamente o capitão-mor, ansioso por homenagear compatriotas da Princesa Herdeira. Provocara o dinástico acontecimento intensa comoção de norte a sul do país, como a significar o fim do regime colonial e advento de nova era. Pela primeira vez assistia a América a bodas de Príncipes europeus, causa de compreensível alvoroço na população luso-brasileira e de repercussões na região limítrofe rebelada contra a metrópole espanhola. Inesperadamente presenciaram os expedicionários uma das suas manifestações ao encontrar imponente tropa de mulas do Bispo de Nova Córdoba, fugido da diocese ante ameaçadora agitação nacionalista. Jornadeava o prelado com a escolta que em Montevidéu lhe tinham oferecido os portugueses da guarnição. No momento do encontro estava a caminho havia quatro meses, provavelmente por receio de empregar a via marítima infestada como se encontrava de corsários.

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