II
AMAPÁ E PIRARA
(Investidas imperialistas à fronteira)
A independência da América Meridional ainda não foi completada. Aquelas colônias europeias, no extremo norte, banhadas pelas águas do Oceano Atlântico, são três manchas na carta geográfica do continente, não apenas porque impedem que se diga que todas as terras sul-americanas são livres, como porque fazem lembrar que ainda há povos que no Novo Mundo vivem sob regime colonial, no opróbrio de sujeição a povos chamados de elite, trabalhando para senhores feudais, dirigidas por feitores e contramestres, na semiescravidão em que vivem os fellahs do Egito e os párias da Índia e do Cabo.
Essa situação, vigorante nas Guianas, quebra a unanimidade na autonomia reinante desde há mais de cem anos na América do Sul, onde se formou concepção altamente humana para a vida individual e altamente nobre para a existência em sociedade, e com isso mantendo em homens nascidos ao grande ar dessas terras a mentalidade imperialista gerada na Europa pequeníssima e densamente povoada, na qual para subsistir é preciso fazer recurso a meios e métodos que repugnam aos descendentes dos iberos.
Se é verdade que os países sul-americanos, na sua maioria, não podem sentir o incômodo dessa vizinhança,