Fronteiras e fronteiros

A resposta que lhe dá Soares d'Andréa, em outubro, é admirável. Discute com conhecimento da causa que defende; argumenta impressionantemente; não chega à ameaça porque sabe que seria mau caminho. Intima, apenas, a retirada das tropas que se acham ao sul do Oiapoque, deixando aos respectivos governos a decisão amigável da importante questão.

Bela e digna página de patriotismo do brasileiro adotivo, diz Calógeras.

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É nos fins de 1837 que o governo brasileiro compreende que o seu Ministro em Paris, Luiz Moutinho, está comprometendo as negociações, substituindo-o por Araujo Ribeiro, futuro Visconde de Rio Grande.

A luta do plenipotenciário com o governo francês, ou melhor, com os vários gabinetes que se sucederam no poder, foi perigosa a mais não ser. Não poderia assumir qualquer atitude da qual não pudesse voltar atrás com dignidade. A França era uma potência militar de primeira ordem, enquanto o Brasil era um país que se organizava com dificuldades de todo gênero, quer internas, quer externas.

Não obstante tudo, porém, o diplomata mantém em nível digníssimo as negociações, desde o começo até que em 1840, no mês de janeiro, conseguiu que o Conselho de Ministros de França decidisse o abandono do posto militar no Amapá. Apenas o no Amapá. O outro, o no Maracá, próximo ao Oiapoque, foi esquecido pelo dito Conselho.

O impasse, nessas condições, continuou. O Brasil não poderia mandar proceder à demarcação da fronteira numa zona ocupada. Araujo Ribeiro, então, prosseguiu nas negociações.

A população do Rio de Janeiro, à vista da situação que se criara, sai em auxílio do governo, boicotando as

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