Foi depois da Independência, em 1822, que a investida francesa se operou, aproveitando a situação de incerteza criada na Província do Pará com as lutas políticas entre os partidários de Vinagre e de Malcher, a tristemente célebre "cabanagem" que durou de 1834 a 1836. Quem se não queria envolver na revolução, emigrava para Caiena. Os que temiam por seus crimes, também rumavam para o norte, em direção ao Araguari, ao Amapá, ao Calçoene, ao próprio Oiapoque. Em pouco a zona ficou povoada de retirantes paraenses.
À direção da Guiana não passou despercebido o movimento migratório e se aproveitou dele como pretexto para a invasão do território nacional.
O Constitutionnel, de Paris, de 25 de setembro de 1835, anunciava que o governo francês havia deferido a solicitação que lhe fora endereçada pelo Conselho Colonial de Caiena para a delimitação da Guiana com o Brasil, mandando ocupar pelo Almirante Duperré o terreno litigioso...
Ao pedido de explicação do Ministro brasileiro, Luiz Moutinho de Lima Alvares da Silva, respondeu o Duque de Broglie tratar-se de estabelecimento provisório de um posto de proteção a interesses franceses na margem direita do Oiapoque...
A 9 de março do ano seguinte o Ministro do Comércio do gabinete Thiers declarava expressamente, de público, que a ocupação, antes provisória, passara a definitiva, e que não mais seria no Oiapoque, mas no Araguari, que, não se tratava de um posto, mas dos que fossem necessários...
Em agosto, o governador da Guiana comunica a ocupação ao Presidente do Pará, General Soares d'Andréa, futuro Barão de Caçapava, invocando o Tratado de Amiens, e terminando por dizer com mal velada ironia que esperava daí proviessem maior aproximação e mais intimidade nas relações dos dois povos.