O Médio São Francisco. Uma sociedade de pastores guerreiros

PREFÁCIO

Das cinco, seis ou mais áreas em que se pode demarcar a Bahia para o estudo e a caracterização de suas peculiaridades naturais e culturais, - o Recôncavo, o nordeste, a zona cacaueira e as matas do sul, o litoral norte, o alto Sertão, o oeste, as lavras diamantinas é certamente a região do rio São Francisco - essa de que se pensou constituir a Província separada que Tomás Paranhos Montenegro examinou tão detalhadamente em 1875 - uma das mais marcantes e a respeito da qual mais se tem escrito. Aquelas estão assinaladas por ensaios e obras de ficção subscritos por nomes de excepcional prestígio; bastaria lembrar Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Wanderley Pinho, Jorge Amado, Silva Campos, Licurgo Santos Filho. Quer fazendo história ou romance, esses autores são clássicos da literatura que se pode considerar sociológica ou antropológica, sobre as gentes e os tipos humanos, os modos de existência, as mentalidades, os ambientes, as atividades e costumes que identificam cada uma no conjunto pluralmente harmônico da Bahia, distinto, por sua vez, de outras províncias do país, com qualidades e virtudes que prezam Gilberto Freyre ou Roger Bastide.

O rio São Francisco ou, por outra, o vale, a extensa bacia do rio da unidade nacional, de que a Bahia tem a maior parte, foi retratado - em alguns de seus aspectos, os geográficos e geológicos e muito o de suas populações e de sua política - no famoso relato da viagem que, ao longo do mesmo, empreendeu Teodoro Sampaio entre 1879 e 1880. Essa opera magna do insigne mestre inaugura a observação, a largas pinceladas, de individualidades, de tipos de personalidades, de fenômenos sociais e políticos particulares à região que continuaram, por toda a história do Estado, inigualados em suas idiossincrasias, sobretudo os caudilhos e os jagunços, suas táticas e estratégias, seus movimentos e funções em territórios extremamente distantes das cidades da costa e com caráter muito próprio. Acrescentou-se essa bibliografia de muitos títulos e autores, uns antigos, de viajantes, de técnicos, de cronistas e juristas e jornalistas, Manoel Benício, Eduardo Carijé,

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