das quais submeto ao registro das terras dentro do devido prazo."
Como vemos, há mais de um século os velhos latifúndios da ribeira estavam repartidos entre um sem-número de pequenos proprietários. Os antigos vaqueiros e moços de tropa, camaradas e guarda-costas dos pioneiros, tendo ficado no vale, onde haviam constituído família, depois que os seus superiores partiam de volta, dividiram entre si e entre os seus, com o consentimento dos antigos senhores, as amplas sesmarias concedidas pela Coroa. Com a formação dos latifúndios, o vale começara a ser conquistado para a civilização, mas logo que os latifúndios foram abandonados(18) Nota do Autor pelos seus fundadores, vastidões banhadas pelo grande rio entraram em declínio no nascedouro.
Durante mais de um século, o São Francisco permaneceria esquecido pelos dirigentes da Colônia, isolado do resto do país, retardando o próprio progresso da obra de colonização. Com o abandono dos latifúndios por parte dos descendentes dos desbravadores, e com o encerramento do ciclo glorioso da aventura da penetração, em vez de uma civilização de titãs fundou-se no São Francisco uma subsociedade de vencidos. Os portugueses mais rotineiros que por lá se deixaram ficar, bem como os descendentes dos primeiros cruzamentos dos pioneiros com índias, mal tinham recursos para manter as suas fazendas de gado aclimatado. O vale deixava de ser teatro das grandes marchas desbravadoras para se converter numa monótona coletividade de vaqueiros empobrecidos pela falta de mercado para os seus rebanhos, míseros rebanhos que se atrofiavam por falta de cruzamento com raças mais puras ou mais novas.
As velhas fazendas, muitas vezes de extensão territorial superior à da França, jaziam abandonadas e iam aos poucos sendo desmembradas