Uma filha de D.Pedro I, Dona Maria Amélia

a respeitar, e, nas famílias conservadoras, joias e objetos, únicos remanescentes das gerações que já se foram.

Entretanto, curto foi esse repouso entre as tempestades que o precederam, e as outras, mais violentas ainda, que lhe iriam suceder.

Enquanto D. Pedro se incompatibiliza cada vez mais com a nação, os negócios de Portugal o empolgam.

D. Pedro sonha restituir o trono a sua filha. Pouco a pouco a ideia cresce no seu cérebro, e consequentemente ele se sente cada vez mais desligado dos negócios do Brasil, onde, por mais que se esforçasse, não conseguia agradar a ninguém, destituídas as boas vontades pelo veneno corrosivo da desconfiança.

Exigem dele mudança de ministério, mas ele recusa, pois "tudo quer fazer para o povo, porém nada pelo povo"!...

Então a tropa amotinada se concentra no campo de Sant'Ana, e o isolamento se faz em torno dele; o próprio batalhão do Imperador abala de São Cristóvão e confraterniza com a tropa.

Madrugada de 7 de abril de 1831

O paço de São Cristóvão está quase deserto. Presentes os representantes das nações amigas e velhos servidores do Imperador.

D. Amélia, debulhada em lágrimas, pressentindo uma tragédia, passeia pelas salas sombrias do Palácio. D. Pedro, calmo, sereno, quase contente, porque o momento é difícil, angustioso e bem se enquadra nas proporções grandiosas de sua personalidade. Entra Miguel de Frias, que comunica ao Imperador não ter sido encontrado o Senador Vergueiro, procurado para formar um novo ministério.

D. Pedro não diz uma palavra; senta-se e traça com letra firme a sua abdicação.

Entrega-a ao Major, dizendo-lhe: - "Eis a minha abdicação. Estimo que sejam felizes; eu retiro-me para a Europa,

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