Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III

O fogo na África como na América, era o grande aliado do homem, força benéfica nem sempre domável. Caso decorresse favoravelmente, a operação satisfazendo ao que dela se esperava, gozava o agricultor três anos despreocupados. A mulher aí como alhures, na África, como em geral na América, é quem planta, limpa, conserva, e armazena. Levanta sem ordem montículos de terra, trata da sementeira, de quando em quando roça o mato invasor, ajuntando a messe em que frutifica o seu trabalho, levando-a para a choupana em grandes e pesados cestos equilibrados sobre a cabeça. A preta fica desde o alvorecer empenhada na labuta agrícola, com uma criança às costas, ou sobre a anca, o longo seio pendente à disposição da gulosidade do filho... "a l'ouvrage sans hâte, en riant e bavardant", porque sabe que não há pressa, que tudo chegará na sua ordem momento "Puis elle passe l'après midi à jacasser avec des commères", preparando sementes, selecionando-as, limpando-as, ou carreando água da fonte à choça, cuidando da alimentação, e "vers le soir elle va à sa cuisine"(68). Nota do Autor Enquanto isso, o marido depois da derrubada, dedica-se a várias ocupações privativas do elemento masculino, dos quais avulta de três em três anos a reconstrução da casa, empresa lenta, lentíssima pela calma do trabalho, interrompida quando o construtor sobe às

Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume III  - Página 310 - Thumb Visualização
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