Antônio Conselheiro e Canudos

Bahia, 13 de dezembro de 1974.

Meu caro Ataliba Nogueira,

Estou acabando de ler o trabalho sobre o Antônio Conselheiro, que teve a bondade de me enviar. Li-o de um trago, pois o assunto, pelo menos para mim, é desses que prendem do começo ao fim, principalmente quando comentado por pena de mestre, como é o seu caso.

Realmente Canudos foi o fruto do pavor do Arlindo Leoni, que durante toda a vida se fez notado pelo medo excessivo de várias cousas, inclusive do mar. Tanto que meu Pai, para puni-lo por causa de Canudos, o transferiu para uma Comarca do Sul do Estado, apenas acessível por mar, o que fez que ele deixasse a magistratura. Mas, quanto se pagou caro pelo erro inicial. Você reabilita o pobre Conselheiro, dando-lhe a medida exata.

Você talvez saiba que as relações de meu Pai com o sogro do Euclides não eram as melhores, justamente por causa de problemas surgidos com Canudos. Aliás, quase todo o arquivo de meu Pai sobre Canudos perdeu-se em Cachoeira, em casa do Aristides Milton, por ocasião de uma enchente do Paraguaçu.

Meus parabéns e meus agradecimentos. Continue a bater no assunto, que é muito rico. E disponha do seu admirador e amigo ex corde,

Luiz Vianna Filho

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