não hão de triunfar porque a sua causa é filha da incredulidade, que a cada movimento, a cada passo está sujeita a sofrer o castigo de tão horroroso procedimento. Para prova destas verdades vejam o que sucedeu aos habitantes de Jerusalém, que fecharam os olhos e nem conheceram o que lhes havia de suceder movidos [617] pela incredulidade, não obstante serem advertidos por Nosso Senhor Jesus Cristo que, olhando para aquela cidade, chorou a destruição dela e desgraça do seu povo, dizendo — Ah! Se ao menos neste dia que agora te foi dado conhecesses o que te pode trazer a paz, mas por ora tudo isto está encoberto aos teus olhos (Luc., cap. 19, v. 42). Dá a Deus o que é de Deus, dá a Cesar o que é de Cesar. Mas este sublime sentimento não domina no coração do presidente da [618] república, que a seu talante quer governar o Brasil, praticando tão clamorosa injustiça, ferindo assim o direito mais claro, mais palpável da família real, legitimamente constituída para governar o Brasil. Creio, nutro a esperança que mais cedo ou mais tarde há de triunfar o seu direito, porque Deus fará devida Justiça, e nessa ocasião virá a paz para aqueles que generosamente têm impugnado a república. É preciso, [619] porém, que não deixe no silêncio a origem do ódio que tendes à família real, porque sua alteza a senhora Dona Isabel libertou a escravidão, que não fez mais do que cumprir a ordem do céu; porque era chegado o tempo marcado por Deus para libertar esse povo de semelhante estado, o mais degradante a que podia ver reduzido o ente humano; a força moral (que [620] tanto a orna) com que ela procedeu à satisfação da vontade divina constitui a confiança que tem em Deus para libertar esse povo, não era motivo suficiente para soar o brado da indignação que arrancou o ódio da maior parte daqueles a quem esse povo estava sujeito. Mas os homens não penetram a inspiração divina que moveu o coração da digna e virtuosa princesa para dar semelhante passo; não obstante ela dispor do seu [621] poder, todavia era de supor que meditaria, antes de o pôr em execução, acerca da perseguição que havia de sofrer, tanto assim que na noite que tinha de assinar o decreto da liberdade, um dos ministros lhe disse: Sua Alteza assina o decreto da liberdade, olhe a república como uma ameaça; ao que ela não liga a mínima