Quebra-quilos. Lutas sociais no outono do Império

Jornal do Recife que, após exigir punição severa para os cabeças do movimento Quebra-quilos, registra que "em Vertentes diziam os chefes do movimento que havia uma lei que obrigava o homem casado a deixar um substituto em casa sempre que viajasse, sob pena de multa de 10$".

A Provincia, como jornal combativo da oposição, amenizou, frequentemente, os noticiários de violências com o humor. Seus redatores intuíam, talvez, que o ridículo era uma forte arma contra o Governo, e, nos primeiros dias de dezembro, o Recife deliciava-se com As duas aranhas, cômica referência à ação dos comandantes de polícia, Aranha Chacon, da Paraíba, e Aranha Carneiro, de Pernambuco. O primeiro, segundo se propalava, teria sido obrigado pelos quebra-quilos a assinar um documento em que prometia acabar com os impostos e o recrutamento; o segundo, acompanhara o Ministro João Alfredo no seu, regresso, um tanto apressado, ao Recife. A versão humorística e metrificada, expondo-os ao ridículo, foi:

"Em terras da Parahyba

Uma aranha se fardou,

Tomou espada e pistola,

Contra os rebeldes marchou.



Chegou: estava uma têa

De Kilos e metros quebrados;

A aranha vendo esta ponga

Estacou de olhos fechados.



'Nessa têa não vou eu.'

- Pois assigne, aranha belfa.

E a bicha foi assignando,

Com seus ares de michella.



Em Pernambuco outra aranha,

Nem viu têa d'Itambé...

Foi voltando para Goyanna,

Fugio com o ministro a pé;

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