mascarar rapinagem efetuada sob a égide de Bonaparte na Itália. O pretexto para justificar a operação era o pagamento de indenizações de guerra com dinheiro e obras de arte, distinguido Wicar em Roma com a comenda de São Lucas, estranhamente conferida por grêmios artísticos locais, atemorizados pelas hostes invasoras.
Alusivos a eventos guerreiros da mesma época, traçou Debret, dirigido por Denon, belo desenho de certo episódio do combate de Montelegino, onde o coronel Rampon segura com a mão esquerda a bandeira da 32.ª brigada e com a direita a espada, no ato de concitar, entre aclamações, os soldados a defenderem até a morte o reduto cercado por inimigos. Deixou, porém, Debret de completar com pintura o feito do coronel, por outro assunto muito mais relevante, marcando o ápice da sua carreira artística. Tinha por objeto medida honorífica oficial expressa no título de uma tela de quatro metros de altura por cinco de comprimento, intitulada A primeira distribuição da Legião de Honra pelo imperador na Igreja dos Inválidos, quadro encomendado pelo governo para figurar no Museu do Louvre. O trabalho recebeu críticas severas, das quais até o jornal burocrático governamental participava. Versava o maior reparo sobre a disposição dos personagens, em que a imperador aparecia à direita do quadro, como no Coroamento de David. A semelhança não escapara do pintor, mas ele devia seguir as instruções de Denon relativas à significação da solenidade, vedadas as mudanças que poderiam prejudicá-la, principalmente quanto à representação do corso num estrado, sobressaindo de movimentada assistência de militares, com fardas desenhadas por artistas, tornadas incomparavelmente mais vistosas comparadas às de outras potências europeias. A assistência ovaciona o imperador quando atende a um ancião amparado por oficial do Exército, ambiente completamente diverso da obra davidiana, se bem mostrasse grupo de civis no primeiro plano, como na Coroação, substituído Talleyrand por Cambacerés, personagens obrigatórios naquele gênero de cerimônias. Porém, a maior diferença entre as duas composições reside na agitação dos presentes, e na expressão das suas fisionomias, em