O Recife Oceânico
Recife e Pernambuco significam o mesmo em idiomas diferentes: Pernambuco quer dizer, em tupi, mar furado, referindo-se ao recife ou arrecife litorâneo, à longa barreira de corais ou arenitos paralela à costa, do Cabo de São Roque no Rio Grande do Norte ao Sul da Bahia. Aliás, O Recife sim, Recife não(1) Nota do Autor, sempre foi dito desde os primeiros cronistas: no Recife, do Recife; também não se diz em Paraná, porém no Paraná. Quando um recifense da gema ouve falar "de" Recife e "em" Recife, sabe logo que não se trata de conterrâneo...
E o Recife é uma coisa, Olinda outra muito diferente, apesar de tão perto. A larga cidade baixa olindense pode ser um dormitório de gente trabalhando no Recife, mas a concentrada cidade alta mantém, lá em cima, seus costumes, seu mundo, peculiares, inconfundíveis. O olindense olha para dentro de si, o recifense olha para fora, ambos há muito tempo. O Recife começou como porto de Olinda no primeiro século de colonização, o XVI, tornando-se autônomo pelas mãos holandesas no seguinte, chegando até a travar uma guerra contra a vizinha, a Guerra dos Mascates, quando os senhores de engenho residentes em Olinda negaram-se a reconhecer a autonomia reivindicada pelos mercadores do Recife.
Estes já comerciavam com o mundo desde, pelo menos, 1596, conforme os arquivos portugueses. Naquele ano, nada menos de 13 urcas trafegaram entre o Recife e o Norte da Europa, principalmente cidades hanseáticas, enquanto duas naus vinham e iam para Portugal. Ao término da importante virada de século, 1596-1602, o total foi quase de equilíbrio: 50 barcos ao Mar do Norte e Báltico, diante de 42 rumo a Portugal.(2) Nota do Autor Judeus sefardins de origem ibérica, residindo especialmente em Hamburgo, eram dos maiores animadores deste comércio.(3) Nota do Autor
Foram estes que mais instigaram os flamengos à conquista de