Perfil político de Silva Jardim

Em Angustura, para onde prosseguiu, os monarquistas insuflaram os libertos contra os republicanos, acusando-os de quererem novamente escravizá-los e matarem a Princesa, o que levou um negro a desfechar um tiro contra Silva Jardim, mas errando o alvo, ouviu esta intimação: "Atire! Mate!, porque a morte para mim é um acidente na vida!" Em São José de Além-Paraíba, a cena se repete com maior fúria, ferindo vários assistentes republicanos, porque o padre da paróquia, incitou os italianos contra o propagandista republicano. Em São João Del Rei, o povo, instigado pelo padre local, ateou fogo na casa em que se hospedara Silva Jardim, apedrejando ainda o Clube Republicano, quando lhe ofereciam um banquete. As senhoras que nele tomavam parte portaram-se corajosamente, despertando admiração do visitante. Prados recebeu o propagandista condignamente, aplaudindo-o com delírio. Em São João Del Rei, agradecendo a saudação feita pelo Dr. Teixeira, propôs Silva Jardim a mudança do nome da cidade para Tiradentes, e não de nenhum rei, em nome do mártir da Inconfidência ali nascido. Continuando para Ouro Preto, de passagem por Queluz, na fazenda em que Tiradentes conspirava, retirou algumas relíquias, deixando gravadas nas paredes, como já o fizera antes Lopes Trovão, estas palavras: "Por aqui passaste, Tiradentes, além morreste, mas por toda parte deixaste o sentimento de liberdade. Viajante, aqui para; vive ou morre além, mas, por toda parte sê livre, isto é, sê homem e sê cidadão. 27 de abril de 1889".

Outras pessoas também assinaram esta declaração, juntamente com Silva Jardim. Em Ouro Preto, sucedeu mais um incidente curioso. Quando expunha as doutrinas republicanas, em noite de trovoada, debaixo de apartes violentos dos monarquistas, cai sobre o orador uma pedra no momento exato em que estalava um trovão tonitruante, daqueles característicos da região, devido à acústica das montanhas circundantes, ao que Silva exclama rápido: "Vejam, senhores, como Tiradentes responde à injúria da pedrada, abafando com trovão o gesto da tirania!" Foi um êxito completo. Estava feita a propaganda, a plateia batendo palmas calorosamente. Em Barbacena, a comitiva local acolhe-o fraternalmente, saudando-o Martim Francisco, filho de Antônio Carlos.

Estava terminada a jornada cívica a Minas Gerais, deixando a faísca "na lenha que iria consumir o Trono", na imagem de Francisco Glicério... (4) Nota do Autor

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