Volta ao Rio em setembro, indo morar nas encostas do morro de Santa Teresa, avistando, durante o dia, o azul enrugado da baía de Guanabara e, à noite, os pontinhos luminosos das estrelas no alto. Estava pronto para enfrentar a Monarquia, em seu reduto mais forte. Lá encontrou a franqueza e o carinho do velho Saldanha Marinho, de quem disse que guardava das lutas da oposição e da entrada no governo os hábitos de finura e grande tato no dizer as coisas, tomando invariavelmente a atitude média, sem contradizer radicalmente qualquer pessoa, de sorte que só na intimidade se poderia colher sua opinião, e nesta, ao sentir-se contrariado, tinha estas frases interjetivas, elípticas, enérgicas, quê" nada diziam e tudo significavam: "Que os pariram! Que os pariram, mas não estou para os aturar!"
Os demais republicanos, provavelmente de acordo com a observação do correligionário santista, não lhe demonstravam a efusão do velho Saldanha, beijando-o na testa, conquanto ele os tratasse com simpatia e meiguice. Quintino Bocaiúva, figura ereta, magra, cortês, tinha o ar de quem guarda segredo eterno, parecendo-lhe ter a força da inércia e do mistério, difícil de ser vencida. Ubaldino do Amaral, doente e desanimado, não desejava comunicar seu abatimento aos demais. Era de natureza essencialmente moral, no gênero de Benjamin Constant, e de caráter prudente, como Prudente de Morais. No físico, o retrato de Leon Gambetta, a mesma barba, a mesma cabeleira, até o mesmo embonpoint. Aristides Lobo, misantropo, possuía o ar severo de Robespierre, os movimentos bruscos, mas a decisão firme. Era o homem de maior atividade no Partido. Lopes Trovão, com sua alta figura de palmeira, sua cabeleira vermelha, seu olhar brilhante, através do monóculo, a mesma voz cantada do antigo tribuno, expressava ainda o combatente de 12 de janeiro de 1881, na "revolta do vintém". Barata Ribeiro, presidente da comissão diretora do Município Neutro, sempre infatigável e coberto de suor, só pensava em organizar os elementos da conspiração. Tal os homens que compunham o Conselho Federal do Partido Republicano, admirados e respeitados por Silva Jardim. Quanto aos abolicionistas, já em guerra com os republicanos, eram igualmente estimados, de longa data, principalmente José do Patrocínio, tendo feito estudo crítico simpático do seu romance abolicionista: Mota Coqueiro. Lamentava "não estarem conosco" Campos da Paz, Pardal Malet, Olavo Bilac, Luís Murat, Luís Andrade. Continuando em sua campanha de agitação, escrevia diariamente