Perfil político de Silva Jardim

detonador do movimento foi um incidente desse tipo, denominado o "caso do tenente Carolino", sobre o qual Benjamin Constant chamou a atenção do marechal Deodoro da Fonseca, em carta, ao regressar este do Rio Grande do Sul, qualificando-o de "acontecimento lamentável, digno de protesto do Clube" (Militar). É que o visconde de Ouro Preto, presidente do Conselho de ministros, rigoroso como era, ao chegar ao ministério da Fazenda, encontrou a guarda fora do seu posto e ausente seu comandante, tenente Pedro Carolino Pinto de Almeida, recolhido ao Corpo da Guarda. Indignado, repreendeu o tenente com veemência, na presença de seus subordinados, ordenando sua prisão. O episódio, em outras circunstâncias, teria sido contornado de maneira diferente, evitando manifestação coletiva da corporação. A sensibilidade dos militares, entretanto, já estava à flor da pele. Além disso, substituindo no Gabinete o titular da pasta da Guerra, visconde Maracaju, estava, interinamente, Cândido de Oliveira, que, como antigo ministro da Guerra, tinha incompatibilidades com os militares, não agindo com a devida prudência. Também Ouro Preto, vaidoso e autoritário, em seu programa de governo apresentado em 9 de junho de 1889, propunha-se a "combater as ideias que desejavam a mudança da forma de governo". O "caso Carolino" foi igualmente explorado pela imprensa republicana, levando Cândido de Oliveira a interpelar Floriano Peixoto a respeito e a baixar portaria prendendo o tenente por oito dias, mandando ainda abrir Conselho de Investigação. Quarenta oficiais enviaram então Memorial ao marechal Deodoro pedindo sessão extraordinária do Clube Militar a fim de tratar do caso, despachando este o pedido, no entanto, laconicamente, dizendo não julgar necessária a sessão solicitada. Rui Barbosa, no entanto, defende o atrito surgido no seu jornal. Por outro lado, Silveira Martins, governador do Rio Grande do Sul, buscando desfazer-se dos militares que poderiam causar-lhe dificuldades, pede a transferência do capitão Mena Barreto, que demonstrava hostilidade ao gabinete liberal, tendendo agora para o republicanismo. Desembarcando este no Rio em 6 de outubro, procurou Deodoro, queixando-se da ditadura" de Silveira Martins, dos tropeços causados pela transferência, com toda a família. Sentindo, nessa conversa, o ressentimento de Deodoro contra a política de Ouro Preto, procura, por conta própria, fazer articulação, ajudado pelo senso de oportunidade que possuía, promovendo reuniões, em dinamismo raro, alcançando, assim, tornar-se no deflagrador da espoleta que influiria nos sucessos posteriores, porque as armas já estavam carregadas. Insistindo de vários modos, consegue novos

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