Perfil político de Silva Jardim

Francisco Glicério, o chefe da esquadra Eduardo Wandenkolk, o capitão de mar e guerra Frederico Lorena, Benjamin Constant e Sólon Ribeiro. Discute-se a gravidade da situação, sendo lançado um apelo a Deodoro no sentido de que apressasse o advento da República, assumindo a direção do movimento. O marechal ouve calado, mas, no fim, sentado em sua cadeira de espaldar alto, declara desejar acompanhar o caixão do Imperador, no entanto, ante o que fazia ao Exército, não havia outro remédio, dizendo: "que leve a breca a Monarquia", porque nada mais se podia esperar dela. Suscita então a questão da organização do ministério. Recusa a presidência que lhe é oferecida, cedendo, porém, aos apelos feitos, concluindo por dizer que ele e Benjamin cuidariam da parte militar e o Sr. Quintino Bocaiúva e seus amigos, do resto. Quanto aos receios levantados em relação à possível atitude de Floriano Peixoto, Deodoro os tranquiliza, não acreditando em dificuldades, porque certa vez Floriano lhe declarara, "mostrando os botões da farda, que a Monarquia era inimiga disto", estando pronto para derrubá-la, combinando-se, contudo, um encontro entre os dois. O ministério apresentado depois, por Quintino Bocaiúva, propunha seu próprio nome para a pasta do Exterior, Rui Barbosa para a Fazenda, Aristides Lobo para o Interior, Wandenkolk para a Marinha, Benjamin Constant para a Guerra, Francisco Glicério para a Agricultura, Viação e Obras Públicas, que, por sua desistência, foi atribuída a Demétrio Ribeiro, rio-grandense-do-sul. A data fixada para eclosão do coup d'État foi a de 20 de novembro, dia de inauguração da nova Câmara, no edifício do Senado, com o comparecimento do Imperador e de todo o ministério, quando o edifício seria cercado, prendendo-se o soberano, com todo o seu ministério. Aguardava-se apenas a voz de comando de Deodoro, cujo estado de saúde se agravou repentinamente, em seguida, assustando a todos, paralisando-os. Benjamin Constant desabafa: "Os senhores, que são civis, poderão salvar-se; nós, militares, teremos de arrostar as consequências das responsabilidades assumidas". Os amigos, então, em tal emergência, afluem à casa do doente, contra a vontade do médico e dos familiares.

Ouro Preto, no entanto, julgava-se senhor da situação, pois elegera uma câmara maciçamente liberal, graças aos processos eleitorais fraudulentos da época. A única dificuldade eram os militares. Recebendo cartas anônimas sobre a conspiração em andamento, não dava crédito, confiando em Floriano Peixoto, ajudante-general do Exército, equivalente atualmente a Chefe do Estado-maior,

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