acenando-lhe com a promoção para a pasta da Guerra, mas que na realidade achava-se comprometido com a conspiração. Desconfiando, entretanto, de Deodoro, pediu atenção a seu respeito ao ministro da Guerra, visconde de Maracaju, solicitando que o procurasse, o que fez, por intermédio de Floriano. Estamos a 13 de novembro. Sabedores deste fato, talvez pelo próprio Floriano, os que cercavam Deodoro compreenderam estar ele ameaçado. Dia 14 foi um dia neutro. A população pacata não podia supor do que estava prestes a suceder. A Cidade do Rio de Janeiro, jornal de José do Patrocínio, especulava sobre a abdicação de Pedro II, em 2 de dezembro; Quintino Bocaiúva, sibilinamente, como de costume, ameaçou ser a hora presente de triunfo, mas, a hora sucessiva poderia ser de derrota, "hoje, no Capitólio, amanhã, na Rocha Tarpeia". A noite foi normal, os teatros funcionando, os costumeiros boêmios bebendo nos bares, os retardatários procurando os bondinhos de burros em direção aos bairros: Vila Isabel, Engenho Novo, São Cristóvão. A maioria da população já dormindo, sob os mosquiteiros de filó, repousando em calma e beatitude. O Imperador permanecia sereno, em seu veraneio de Petrópolis, tendo mesmo descido, naquele dia, ao Rio, para assistir ao concurso no Colégio Imperial Pedro II, como de hábito, e visitar a Imprensa Oficial. Os líderes militares, entretanto, organizam uma reunião com Benjamin Constant para dar balanço da situação, entre os quais se encontrava o major Sólon Ribeiro, comunicando seu regimento ter recebido ordens de se aquartelar no dia seguinte, na Escola Militar da Praia Vermelha, isolando-o assim dos demais corpos da Segunda Brigada. Mas, alarmado, com tal notícia, Benjamin Constant determina para que a ordem não seja cumprida, pelo menos durante 24 horas, por lhe parecer ação do governo para liquidar o movimento. Precisava-se de um ato de surpresa a fim de contornar a situação. Sólon, então, vestido à paisana, espalha, na rua do Ouvidor, o boato de que Deodoro estava com ordem de prisão, o que logo chegou às redações dos jornais, situados quase todos naquela rua, despertando alarme. Às dez horas da noite, um jornalista do Jornal do Comércio comunica a notícia a Ouro Preto, que a desmentiu, acrescentando estar capacitado a dominar a situação, a qualquer momento. Às onze e três quartos, o chefe de Policia previne-se de que o 99° Regimento estava em armas, tendo dado conhecimento ao ajudante-general, Floriano Peixoto, e que os chefes militares encontravam-se reunidos no quartel-general. Alarmado agora, avisou que iria imediatamente. Floriano interpelado, responde evasivamente,