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DO SONHO À REALIDADE
A instauração da República operou-se exclusivamente por obra do Exército, ou, mais exatamente, por parte dele, pois foi quem coordenou, preparou e efetuou a sua proclamação. O povo, posto à margem desde o início, não teve participação alguma. E, pela manhã, ao descer dos bairros, ficou, entre surpreso e curioso com aquelas tropas bem apetrechadas, inclusive canhões, rodeando o quartel-general, no Campo de Santana (hoje, Praça da República), sem compreender o que sucedia; aglomerado pelas esquinas, parecendo-lhe mais uma parada. Aos poucos, porém, pelas notícias que corriam, por vezes contraditórias, soube o que realmente se passava: a implantação de um novo governo.
Por que tal mudança, oculta da população? É que seus executores, a partir de Benjamin Constant, seu principal articulador, consoante a ortodoxia positivista que professavam, não desejavam derramamento de sangue. Esta a causa primeira e primária apresentada. Na verdade constituía uma vitória dos "evolucionistas" contra os "revolucionários", que se digladiavam dentro da velha organização partidária, pois "a ideia única que sustentava a todos era simplesmente a República, em tudo o mais divergiam" (1) Nota do Autor. Os segundos