Perfil político de Silva Jardim

francesa, para mostrar ao estrangeiro o que havia e o que há no Brasil. Conta ter sido recebido lisonjeiramente, evitando, no entanto, sistematicamente os interviews, para não opinar sobre a política brasileira, defendendo nosso país, pouco considerado na Europa pela deportação de Pedro II e da subida do marechal ce bon homme, por supor-se termos uma República exclusivamente militar. Pede notícias, formulando vários quesitos referentes às pessoas que rodeiam Deodoro, às posições de Quintino Bocaiúva, Rui, Glicério, Portela, Lopes Trovão, sobre a atividade de Alcindo Guanabara e Nilo Peçanha. Enfim, manifesta-se interessado em variados problemas, com real preocupação pelos acontecimentos daqui e seus possíveis desdobramentos, com espírito otimista, longe de qualquer desilusão, muito menos desespero, mas em posição animadora (11) Nota do Autor. Oscar Araújo diz que Silva Jardim procurou na Europa os republicanos franceses para revigorar o espírito com a experiência alheia, buscando a lição prática da vida política e intelectual do país que primeiro teve a ideia republicana no mundo. Em 12 de julho, em Nápoles, visitando Pompeia, já ao entardecer, quis ver o Vesúvio, aproximando-se temerariamente da cratera do vulcão, sentindo repentinamente a terra estremecer, abrindo-se em sua frente em grande explosão, tragando-o para sempre, erguendo-se uma lava de fumo, indicando o abismo em que caíra (12) Nota do Autor. José Leão atribui a tragédia aos fracos conhecimentos geológicos de Silva Jardim, próprios da instrução da época. Talvez por imperícia do guia encaminharam-se pela subida mais rápida, sem considerar a direção dos ventos, onde havia escória ainda não solidificada, ao passo que pelo lado oposto, mesmo em caso de erupção, a crosta oferece mais resistência, refrescada pela constante viração.

Esse desaparecimento fatal e inesperado do famoso propagandista, repercutiu intensamente, como não podia deixar de ser, na imprensa brasileira, externando seu sentimento, mas, por triste ironia do destino, ocorreu precisamente em 2 de julho, aniversário da morte de seu pai (13) Nota do Autor. O mais expressivo necrológio foi provavelmente o de José do Patrocínio: "O homem de grandes audácias

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