O naturalista no Rio Amazonas - T2

do Pará, em suas visitas pastorais pela diocese. O povo gostava tanto de um feriado aqui como em outras partes da província, mas parecia que se estava desenvolvendo o hábito de substituir divertimentos mais racionais às procissões e mascaradas dos dias santos. A gente nova gostava muito de música, sendo os principais instrumentos a flauta, o violino, o violão e uma pequena viola de quatro cordas, chamada cavaquinho. Durante a primeira parte de minha estada em Santarém, pequeno grupo de músicos, dirigidos por um mulato alto, magro e maltrapilho, que era entusiasta por sua arte, costumava frequentemente fazer serenatas aos seus amigos nas noites de luar, frescas e claras, da estação seca, tocando marchas e músicas de dança, de autores franceses e italianos, com muito gosto. O violão era o instrumento favorito de ambos os sexos, como no Pará, mas o piano estava rapidamente tomando o seu lugar. As baladas cantadas com acompanhamento de violão não eram aprendidas de música escrita ou impressa, mas ensinadas oralmente de um amigo a outro. Nunca se falava delas como cantos, mas se chamavam modinhas, cada qual tendo seu dia, dando lugar à próxima favorita, trazida da capital por algum rapaz. Nos tempos de festa havia mascaradas, nas quais toda gente, velhos e moços, brancos, negros e índios tomavam parte com delícia. As melhores tinham lugar durante o carnaval, na semana santa e na véspera de S. João. Os negros representavam nas ruas grande espetáculo semidramático no tempo de Natal. Os divertimentos mais seletos eram realizados pelos jovens brancos e os homens de cor associavam-se aos brancos. Um grupo de trinta ou quarenta moças e rapazes se fantasiavam, com muito gosto, de damas e cavaleiros, disfarçados com uma espécie de máscara de gaze. O bando, com um grupo de músicos, fazia o rodízio das casas de seus amigos à noite

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