O naturalista no Rio Amazonas - T2

coleção em S. Paulo e empreguei um colecionador em Tabatinga e nas margens do Javari durante alguns meses, de modo que pude adquirir conhecimento regularmente perfeito do conjunto das produções da região que orla o Amazonas até ao extremo do território brasileiro, a uma distância de 1.900 milhas de sua foz, no Pará; mas sentia agora que seria incapaz de ir além dos limites com o Peru. Minha febre parecia ser a culminância da deterioração da saúde, que se vinha processando há alguns anos. Expusera-me demais ao sol, trabalhara além de minhas forças seis dias por semana e, além de tudo, sofrera muito com a alimentação má e insuficiente. As febres não existiam em S. Paulo, mas o estado de sujeira e umidade da aldeia era suficiente, talvez, para produzir febre numa pessoa já enfraquecida por outras causas. A região junta das margens do Solimões é toda ela salubre; certo existem algumas doenças endêmicas, mas estas não são de natureza mortal, e as epidemias que desolaram o Baixo Amazonas, do Pará ao Rio Negro, entre os anos de 1850 e 1856, nunca atingiram esta terra abençoada. Só se conhecem as sezões nas margens dos tributários de águas escuras.

Sempre carreguei comigo certa porção de medicamentos e um frasquinho de quinina que comprara no Pará em 1851, mas do qual nunca me utilizara, foi agora de grande proveito. Tomava de cada dose tanto quanto podia tirar com a ponta de um canivete, misturando-a com chá quente de camomila. Nos primeiros dias depois do primeiro ataque eu não podia mexer, e ficava delirante nos paroxismos da febre; mas quando passou o pior, fiz esforço para levantar-me, sabendo que as desordens do fígado e do baço complicam as sezões nesta região, se a pessoa se entrega demais a essa sensação de cansaço. Todas as manhãs punha

O naturalista no Rio Amazonas - T2 - Página 411 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra