O naturalista no Rio Amazonas - T2

ao ombro a espingarda ou a rede de insetos e ia ao meu passeio habitual pela mata. Os calafrios muitas vezes me assaltavam antes de chegar à casa, e eu costumava ficar de pé e afrontar o mal-estar. Quando o vapor subiu o rio em janeiro de 1858, o tenente Nunes ficou muito impressionado de ver-me assim tão alquebrado e recomendou-me insistentemente que eu voltasse para Ega imediatamente. Aceitei o seu conselho e embarquei com ele, quando tocou em S. Paulo, na viagem de descida, a dois de fevereiro. Ainda tinha esperanças de poder voltar para oeste, a colher os tesouros ainda não vistos das maravilhosas regiões entre Tabatinga e as vertentes aos Andes. Embora a febre me deixasse depois de alguns dias de repouso em Ega, minha saúde ficou em tal estado de fraqueza que não me permitia empreender novas viagens. Deixei Ega afinal, a três de fevereiro de 1859, de volta para a Inglaterra.

Cheguei ao Pará no dia 17 de março, depois de uma ausência de sete anos e meio pelo interior. Meus velhos amigos, ingleses, americanos e brasileiros custaram a reconhecer-me, mas todos me fizeram acolhida muito quente, especialmente Mr. G. R. Brocklehurst (da firma R. Singlehurst & Co., os principais negociantes estrangeiros que tinham sido meus correspondentes) que me recebeu em sua casa e me tratou com a maior afabilidade. Eu estava realmente surpreso com o elevado conceito que fazia a melhor gente a respeito de meus trabalhos. Mas, de fato, o interior da região é ainda o "sertão" - terra incógnita para a maioria dos habitantes dos portos de mar - e um homem que passara sete anos e meio a explorá-lo, com intuitos meramente científicos, era uma curiosidade. Achei o Pará muito modificado e melhorado. Não era mais aquele lugar com aspecto de aldeia, cheia de mato,

O naturalista no Rio Amazonas - T2 - Página 412 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra