Em certos anos não chove de agosto a fevereiro, embora em outras partes da planície amazônica, tanto abaixo como acima dessa parte média do rio, sejam frequentes pesados aguaceiros durante a estação seca. Muitas vezes vi as nuvens de chuva de novembro e dezembro, quando a vegetação arbustiva parece queimada pelo sol ardente dos três meses anteriores, que se elevavam ao aproximar-se do ar quente sobre os campos, ou se afastavam deles, para ir descarregar seu conteúdo nas ilhas baixas e cobertas de mata da praia oposta. O vento leste sopra, contudo, com grande força durante os meses secos; quanto mais quente o tempo, mais forte o vento, até que no fim da estação se torna um tufão que impede a descida dos barcos pelo rio.
Algumas árvores que crescem isoladas nos campos são muito curiosas. O cajueiro é muito abundante e em alguns pontos se poderia falar em pomares desta árvore, que parece preferir solos arenosos. Parece haver várias espécies distintas, crescendo juntas, a julgar pelas diferenças de cor, aroma e tamanho dos frutos(363). Nota do Tradutor Este, quando maduro, tem o colorido e o feitio de uma pera, mas apresenta um aspecto muito singular graças ao grande caroço reniforme que cresce fora da porção carnosa do fruto(364). Nota do Tradutor Amadurece em janeiro, e a gente mais pobre de Santarém sai então para os campos e colhe imensas quantidades, com que faz uma bebida ou vinho, como lhe chama, e que é considerada remédio contra certas doenças da pele. Os caroços são assados e comidos. Outra árvore frutífera silvestre é o murichí