O naturalista no Rio Amazonas - T2

e são chamadas pelos naturais ilhas-de-mato, nome sugerido, sem dúvida, pela nitidez de seus limites, bem delineados, que lhes dão o aspecto de ilhas no meio do tapete liso de relva que as circunda. São formadas por grande variedade de árvores carregadas de parasitas suculentas e ligadas entre si por trepadeiras lenhosas, como nas matas das outras partes. Estreita faixa de mata densa, de aspecto semelhante ao dessas ilhas e também nitidamente limitada, corre de cada lado, junto do rio. Cruzando-se o campo, a estrada da cidade sobe um pouco durante uma ou duas milhas, atravessando essa pestana de mato. Depois o campo desce suavemente para largo vale, banhado por pequenos regatos, cujas margens são cobertas de mata luxuriante e altaneira. Mais além estende-se uma cadeia de montanhas para o interior inexplorado, indo até onde a vista pode alcançar. Alguns desses montes são longas cristas, nuas ou cobertas de mato; outras são picos cônicos isolados elevando-se, abruptos, do vale. As mais altas provavelmente não vão além de mil pés acima do nível do rio. Um monte notável, a serra de Muruarú, a quinze milhas de Santarém, e que fecha o horizonte para o sul, tem a mesma forma de pirâmide truncada que a cadeia de montanhas perto de Almeirim. Esse trecho tão belo da região está completamente isolado. Os habitantes de Santarém nada sabem do interior e parecem ter muito pouca curiosidade a seu respeito. Algumas estradas, que partem da cidade e cruzam o campo, levam a alguns pequenos sítios, a quatro ou cinco milhas de distância, de propriedade dos habitantes mais pobres do lugar, mas exceto esses caminhos, não há estradas nem vestígios de proximidade de um centro civilizado.

O solo arenoso e o escasso revestimento de árvores são provavelmente as causas da grande secura do clima.

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