Segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo (1822)

Encontrei, no melhor estado possível, os passarinhos e insetos; mas duas malas de plantas se achavam inteiramente destruídas pelas larvas das traças.

Eram as que recolhera nas Minas Novas, nas margens do Rio de São Francisco, entre o Rio de Janeiro e o Rio Doce, nas montanhas de Tapanhoacanga [Itapanhoacanga] e arredores de Ubá. O clima do Rio de Janeiro a que não estava habituado, o cheiro de cânfora, enxofre, e essência de terebintina, continuamente respirado, e devo confessá-lo o desgosto, experimentado vendo as perdas do meu herbário, todas estas causas me alteraram sensivelmente a saúde, tirando-me quase inteiramente o alento.

O fastidioso trabalho a que me entregara com isto sofria, prolongando-me os aborrecimentos. Vários meses passaram, durante os quais nada mais fiz senão enrolar passarinhos no algodão, lavar insetos com éter, salpicar plantas com cânfora e procurar restos de flores numa poeira mais fina que a do rapé.

A extrema lerdeza dos operários do Rio de Janeiro contribuiu também para que perdesse muito tempo. Enfim, só ao cabo de três dias consegui descobrir o tropeiro que hoje me acompanha.







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