Segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo (1822)

servido de talismã ainda agora produziu o costumeiro efeito. Manifestou-me imediatamente muita deferência e deu-me, como almoço, café com leite e pão com manteiga. O mesmo quanto ao meu pessoal. A posse de um engenho de açúcar confere, entre os lavradores do Rio de Janeiro, como que uma espécie de nobreza. De um “senhor de engenho” só se fala, com consideração e adquirir tal preeminência é a ambição geral.

Um senhor de engenho tem carnes cujo anafado significam boa alimentação e pouco trabalho.

Em casa, usa roupa de brim, tamancos, calça mal amarrada e não põe gravata; enfim, indica-lhe a toilette que é amigo do comodismo.

Mas, se monta a cavalo e sai, é preciso que o vestuário lhe corresponda à importância e então enverga o jaleco, as calças, as botas luzidias, usa esporas de prata, cavalga sela muito bem tratada.

Um pajem negro, fardado com uma espécie de libré, é-lhe de rigor. Empertiga-se, ergue a cabeça e fala com a voz forte e o tom imperioso que indicam o homem acostumado a mandar em muitos escravos.

A duas léguas do Rio de Janeiro cessam as chácaras e começam os engenhos. Deles já existe número bastante elevado na paróquia de Santo Antonio da Jacutinga onde se acham muitos terrenos

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