Zoogeografia do Brasil

e perturbando a zoogeografia, que, aos poucos, de ciência atual, vai passando a ciência histórica.

A religião, que modificou o aspecto fitogeográfico de certas regiões, como é bem típico o caso da área de cultura da vinha, também tem influência sobre o aspecto zoogeográfico. Em todas as regiões maometanas não aparece o porco como animal doméstico, por estar na lista dos animais imundos, e na certa de sua distribuição zoogeográfica aparecem esses países como espaços vazios.

Mas a ação das religiões tem sido principalmente conservadora. "A abstenção de comer a carne de certos animais", diz Spence, "constitui talvez o sinal mais seguro de que estes são ou, pelo menos, foram objeto de adoração ou de que se acreditava que exerciam misteriosa proteção sobre as tribos, que consideravam aqueles animais impróprios para o consumo".

O Egito antigo foi mais rico em animais sagrados que qualquer outro país da antiguidade: o boi, o carneiro, a serpente, o crocodilo, o mono, o hipopótamo, o leão, o ibis, o gato e o cão, o escorpião e a rã figuram em seu panteon destinado aos animais.

A Índia rivaliza com o antigo Egito em seu elevado número de animais sagrados: todas as vacas possuem certo grau de santidade, derivado de seu precedente estado de associação com Krishna, o elefante deve sua santidade à simbólica conexão com Ganeska, o deus da sabedoria, os monos pululam em todos os templos da Índia.

E é certamente esse culto que tem preservado na Índia animais cujos congêneres vão sendo exterminados alhures.

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