AS NOVIDADES DE SILVEIRA BUENO
Outro escritor que contou cousas esquisitas de Luiz Gama, baseando-se em recordações de sua própria família, foi Silveira Bueno, brilhante jornalista, professor e filólogo.
Num artigo para o "Diário Popular" desta capital, pouco antes de inaugurada a herma de Luiz Gama, no largo do Arouche, recordando que este fora "dos comensais da sua casa avoenga" relatou que um dos motivos da "aproximação entre seu avô e o formidável abolicionista, foi a boa cerveja que havia no armazém do Machado". E acrescenta:
"Luiz Gama era homem de paladar e sabia apreciar as delícias do gosto. Assim, invariavelmente, à tarde, aparecia em nossa casa, sendo-lhe imediatamente servida a cerveja, antes que a pedisse. Bebia-a gole a gole, pondo no tempo gasto em bebê-la, o tamanho do prazer experimentado.
Trajava-se quase sempre de fraque ou sobrecasaca de cor clara: cinza ou flor de alecrim. O chapéu era sempre alto, jamais deixando a bengala de castão de ouro. Quando a temperatura era fria, punha luvas também claras.