Onde aprendeu tanta elegância e finura? Com a esposa, que era francesa. Nesta língua se entretinham ambos com muito admiração da maioria que mal sabia o português.
Nesses passeios diários, Luiz Gama ia acompanhado de dois filhos, já meninotes, muito mais claros que ele, não sei qual dos dois, olhos azuis. Que será feito desses filhos de Luiz Gama? Certamente faleceram, porque nunca mais se ouviu falar da descendência do negro ilustre".
Entre essas informações, é possível que haja algumas exatas. A maioria, porém, não está certa. O "chapéu alto" não concorda com o depoimento de Valentim Magalhães, atrás citado, na poesia "O Castor de Luiz Gama", em que se fala de sua preocupação pelo chapéu mole, só às vezes substituído pela palheta.
A bengala de castão de ouro, a finura e a elegância não condizem com a proverbial pobreza do notável causídico. Sei até de um episódio narrado pelo professor Ramon Roca Dordal, que foi expoente da pedagogia paulista, nos seus áureos tempos.
Gama ganhara um quadro a óleo, representando a sua própria efígie. O pintor dera-lho sem a moldura e a tela assim permaneceu até a morte do abolicionista porque ele nunca teve jeito de arranjar umas sobras de seus proventos para mandar colocá-la no quadro. Dinheiro que aparecesse, não chegava para os escravos !...