O precursor do abolicionismo no Brasil: Luís Gama

Não é possível apurar o número de exemplares da primeira fornada para saber até onde tinha ido o favor do público, adquirindo o livrinho e determinando, em tão curto prazo, para a sociedade do tempo, a necessidade da segunda fatura. Pode ser que, para tanto, haja concorrido o tom satírico de que a maioria dos trabalhos estava revestida, como pode bem ter acontecido que fossem as alusões e pontas a figurões do tempo, enxertadas nas entrelinhas, e inatingíveis hoje, que houvessem provocado a divulgação do livro. Ou, talvez, houvesse influído o imprevisto da publicação.

Disse Coelho Neto, no Prefácio a terceira edição, em 1904, que o verso de Luiz Gama "se não prima pela beleza da forma, se não cintila em lavores de arte, se a rima, por vezes, é paupérrima, é leve como a flecha, silva, vai direito ao alvo, crava-se e fica vibrando". E José Feliciano (11) Nota do Autor, recordando a frase, comenta : "Coelho Neto disse bem que os versos de Getulino não são de primeira água ou correção, sobretudo para quem os lê, depois que o parnasianismo nos habituou a certo apuro de linguagem, a certa metrificação cuidadosa".

Não era, portanto, o esplendor da roupagem artística o que trouxera o sucesso do livro. O êxito talvez fosse determinado por um fato notável, que devera ter impressionado a sociedade do tempo: a fulgurante inteligência

O precursor do abolicionismo no Brasil: Luís Gama - Página 71 - Thumb Visualização
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