Extremamente estreita, a povoação de Santa Luzia alarga-se todavia, na parte meéia do seu comprimento. Lá encontra-se uma praça quase quadrada, onde foi construída a igreja paroquial, bastante grande, isolada como o são, em geral, os edifícios religiosos nessa província e em Minas, regularmente ornada no interior, mas sem teto. Além da igreja paroquial (Santa Rita), existe ainda uma em cada extremidade da povoação. A primeira, a de Nossa Senhora do Rosário, foi construída pelos negros no tempo em que se encontrava ouro em abundânccia nos arredores da povoação; hoje em dia, que o número destes diminuiu bastante e todos os que ainda restam, livres ou escravos, vivem na indigência, a sua igreja cai em ruínas. A segunda foi começada pouco tempo antes da minha passagem, e prosseguiam na construção apesar da pobreza extrema, a que estavam reduzidos os habitantes de Santa Luzia (12)Nota do Autor; de tal maneira os brasileiros do interior estão embuídos (1819) da mania de construir templos inúteis, mania que, na própria opinião dos sacerdotes esclarecidos, não tem outro fundamento além de uma vaidade pueril.
Não devemos julgar das povoações do interior do Brasil pelas nossas, que, em geral, não oferecem mais do que uma reunião de cabanas e ruas lamacentas. A maioria das povoações de Minas e Goiás, que devem sua origem a minas de ouro, devem ter sido encantadoras no tempo do seu esplendor, e Santa Luzia, certamente, foi uma das mais agradáveis: suas ruas são bastante largas e regulares; as casas, em número de cerca de trezentas, são, na verdade, construídas de pau e barro, e menores e mais baixas que as das povoações que percorrera até então; mas são todas cobertas de telhas, rebocadas com esta terra branca que chamam tabatinga no interior do Brasil, e algumas têm nas