PREFÁCIO

Confiei demais nas minhas forças: quando voltei do Brasil estavam esgotadas, e em pouco vi-me obrigado a interromper os trabalhos. Cerca de quinze anos que lhes consagrei foram-mo arrebatados, por três vezes, por sofrimentos cruéis, e por conseguinte, não nos devemos surpreender de que tenha espaçado tanto as minhas diversas publicações.

Quando comecei a me restabelecer da longa moléstia a qual acabo de escapar, pus-me a redigir a relação da viagem a Goiás. Afastei a ideia do presente, tão doloroso para mim transportando-me pela imaginação sob o belo céu do Brasil, e à época em que, ávido de saber, percorria os desertos dessa vasta região, quase tão pouco preocupado com o futuro como os próprios índios.

publico agora este trabalho, estimulado pelos votos dos viajantes de todas as nações, encorajado sobretudo pelos brasileiros, melhores juízes do que lhes diz respeito do que os europeus, admirados frequentemente, é forçoso dizê-lo, de não encontrarem, em uma nação em embrião, os recursos numerosos que lhes oferecem suas pátrias. Duplicando se possível, o cuidado e a atenção para ser sempre exato até nas menores minúcias procurei provar que não era indigno da indulgência com que me distinguiram.

Quando comecei a viagem a Goiás já gozava de uma grande vantagem, a de encontrar, entre as minhas recordações,