A biologia no Brasil

desse delicioso livro — O naturalista no Rio Amazonas.

"Na tarde de 3 de junho", diz ele, "contemplei pela última vez a floresta gloriosa pela qual tivera tanto amor e a cuja exploração tantos anos devotara. As horas mais tristes de que me recordo são as que passei nessa noite quando, levados pelo piloto mameluco para a embocadura do rio, livre dos bancos de areia e fora das vistas de terra, senti que se partira o derradeiro elo que me prendia a essa região".

Deve-se a Bates a descoberta do mimetismo. Em suas colheitas entomológicas sucedeu-lhe, por mais de uma vez, apanhar entre os helicônidas (borboletas de asas amarelo e negro e voo rápido) uma de família bem diferente (piéridas) mas que ao primeiro exame apresentava o mesmo aspecto e colorido. Observando que os helicônidas são muito comuns e vivem em grandes bandos, concluiu que eles devem ter poucos inimigos, o que devem a seu gosto desagradável, pois nunca os viu caçados pelas aves insetívoras. Por outro lado, notou que os piéridas miméticos são sempre raros, porque eram, naturalmente, muito perseguidos pelos animais insetívoros. Aplicou a suas deduções a hipótese de Darwin: a grande semelhança desses piéridas com as outras borboletas bem protegidas era resultante de um processo de seleção, sobrevivendo em cada geração aqueles indivíduos que mais se assemelhavam aos modelos e que conseguiam viver entre eles, e assim, aos poucos, alcançaram a perfeição. Publicado o trabalho de Bates em 1862, nas edições posteriores da Origem das Espécies Darwin dá como um dos mais sólidos argumentos a observação de Bates...

A biologia no Brasil - Página 309 - Thumb Visualização
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