O governo provisório e a revolução de 1893 - 1º v.

por um telegrama inserto em um jornal de Penang, recebido na manhã de 28. Ora, não tendo essa notícia caráter algum oficial, e não nos podendo comunicar diretamente com o Brasil por meio de telégrafo que ainda a Acheem não chegara, — sendo preciso que o fizéssemos por via de Penang com uma demora de 4 dias, — no dia 2 de Dezembro, aniversário natalício do ex-imperador, de acordo com o regulamento de bordo, fizemos as honras devidas àquele que presumíamos ser ainda o chefe da nação. E tanto foi correto este nosso procedimento, que o chefe da Divisão Naval Holandesa nos acompanhou nas honras da pragmática naval. Para ele, o governo do Brasil ainda era a Monarquia, visto que nada havia de oficial, nem para ele nem para nós, sobre a transformação por que este país acabava de passar.

Na dúvida, outra conduta não podíamos ter: aquele telegrama poderia ser falso, ou, pelo menos, não exprimir toda a verdade; e, em tal hipótese, arriscar-nos-íamos a cometer uma falta em vista da lei.

A notícia desta transformação política não nos causou surpresa, porque a esperávamos em tempo, mais ou menos próximo, sobretudo em vista dos acontecimentos ocorridos poucos dias antes de nossa partida para aquela viagem, e por sobressaírem entre eles os que se referiam às questões Militar e Leite Lobo.

Na "questão militar" havíamos batalhado ao lado do Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, de saudosa memória, com todo o devotamento, assim como, logo depois, na célebre "questão — Leite Lobo", — na qual nos fizeram representar papel saliente, com presidirmos a Comissão dos Treze, eleita pelo Club Naval. Dessa comissão foram membros, comissionados pelo Club Militar, nossos ilustres companheiros tenente-coronel Inocêncio Marques Serzedello Corrêa e o pranteado tenente-coronel Antônio de Senna Madureira, para deliberarmos com plenos poderes sobre os meios de desagravar a honra das duas classes militares.