O governo provisório e a revolução de 1893 - 1º v.

não encontrávamos disposição alguma, em que nos pudéssemos amparar para coagir o 2º tenente D. Augusto a pedir demissão do serviço da Armada, e, certamente, não daríamos uma ordem que, com fundamento, podia não ser cumprida, resultando dali nossa desmoralização e a consequente quebra de nossa autoridade, a qual tínhamos por dever manter intacta a bordo do navio sob nosso comando.

Antes de desembarcar D. Augusto, tiveram nossos comandados a ideia de oferecer-lhe um banquete de despedida, ideia a que anuímos de coração. Tendo sido este fato censurado, ao chegarmos à capital federal, dissemos pela imprensa: — Não há dúvida que obsequiei, com meus comandados, o Príncipe D. Augusto, em Colombo. Este fato o Brasil inteiro conhece, pois é do domínio da imprensa diária, tanto nacional como estrangeira, e disso só tenho que ufanar-me: anuindo e concordando com meus comandados, a quem coube a iniciativa da ideia para o banquete a Sua Alteza oferecido, este fato só me pode nobilitar. E, na verdade, não era mais questão de um príncipe de família reinante do Brasil, mas de um simples brasileiro exilado, sendo certo, aliás, como pode dar testemunho a oficialidade do "Almirante Barroso", que eu, antes da República, não fazia a bordo a mínima distinção entre o príncipe e os demais oficiais, seus companheiros. Mais de uma vez mandei que o Imediato o repreendesse por faltas cometidas no serviço. E mesmo antes disso, a bordo da "Niterói", no porto de Santos, sendo meu Imediato o mesmo oficial que como tal serviu na viagem de circunavegação, ordenei-lhe prendesse D. Augusto por motivo disciplinar.

Outro, porém, era o caso em Colombo. D. Augusto não era mais príncipe brasileiro, e sim, um simples camarada, um companheiro de trabalho e fadigas, que, sob o peso da desgraça, não cessava de chorar sua separação da pátria e dos amigos.

Demais, ninguém conhece filosofia alguma que ensine a condenar com os princípios os homens que os