O governo provisório e a revolução de 1893 - 1º v.

lucros largamente remuneradores, porque fatalmente ela deveria produzi-los!

A "debacle" era, portanto, inevitável. As cartas do jogo forçosamente teriam de ficar, por último, nas mãos de alguém, naturalmente nas dos que não se achavam iniciados nos segredos da criminosa especulação. E, na verdade, os prejudicados foram o povo e os homens de boa-fé, aqueles que não acreditavam que se pudesse à luz meridiana praticar atos tão revoltantes; milhares de famílias ficaram reduzidas à miséria, enquanto os argentários, ostentavam deslumbrante luxo à frente desse imoral, escandaloso movimento da Bolsa.

As diretorias dos Bancos de emissão e do Banco dos E. U. do Brasil eram compostas, na maior parte, de homens ilustres, mas todos ou quase todos sem competência na matéria por nunca se terem a ela dedicado, exercendo profissão estranha, e alguns até grandes devedores dos bancos que dirigiam. As emissões desses bancos escoavam-se em empréstimos sob garantias de firmas, que nada mais podiam garantir, ou de títulos de companhias falidas, ou quase falidas.

Esta triste, vergonhosa e deplorável situação cada vez mais se complicava pela ausência de fiscalização por parte do governo em fatal indiferença a sancionar todos esses escândalos, assim como pelas liberalidades que diretamente, sem prudência, sem patriotismo, a mãos cheias ele mesmo prodigalizava.

Dir-se-ia que o governo Provisório (como os jogadores da Bolsa) estava imbuído de ideias fantásticas, tomado de vertiginosas alucinações, e assim, inconsciente sacrificava os interesses da nação aos interesses de meia dúzia de felizes privilegiados.

Em profusão distribuía concessões, sem estudos prévios, com garantias de juros, e outros muitos favores ruinosos às finanças do estado, tais como: concessões de estradas de ferro