que, enquanto morrem poetas
calam-se bocas
branqueiam as barbas
cessam passos, param corações,
espalha no tempo pela voz do vento
eternamente a mesma valsa
da mesma amargura
da mesma saudade
vibrando tão longe,
cantando tão alto
que sua voz abafa
o canto fecundo das metralhadoras.
Das metralhadoras reivindicadoras
que meu amigo Carlos Drummond de Andrade
ouviu "Diante do Doze"
acionadas por outros anjos
que Mestre Aurelio não quer ver
não quer ouvir
não quer sentir.
Entre as rosas brancas
Mestre Aurelio pensa no passado
e entre as rosas brancas sua alma desliza
mais branca que sua barba.
E seu coração cada vez mais cheio de doçura,
mais cheio de perdão, quase transbordando,
vai batendo mais manso, mais devagar
batendo, batendo,
tão só
tão bom
tão bom
tão só...
(Da Antologia de Poetas Modernos)