Homens e fatos do meu tempo

dos Sás
dos Camargos,
vibrava no coração novo em folha
do poeta Aurelio Pires.
E seu coração batia rápido
no mesmo ritmo
do coração do poeta João Kubitschek.
do coração do poeta Mata Machado
do coração do poeta Aureliano Lessa,
— dos corações que pararam
dos poetas que morreram...
E os corações dos três poetas que morreram
vieram bater surdamente
no coração do poeta que viveu,
que ficou batendo
tão só
tão bom
tão bom
tão só.
Mestre Aurelio passa sozinho entre as rosas
acompanhado de três sombras silenciosas.
Só seus olhos veem estas sombras
porque estão cansados do presente.
Mestre Aurelio está cansado no presente
de carregar o fardo cheio do passado...
Há cinquenta anos as casas de Ouro Preto
já eram velhas, já estavam pretas
mas ainda eram pretas as sobrancelhas
e era preta a cabeleira.
do farmacêutico Aurelio Pires.
E eram vermelhas quentes sonoras
casadas à voz das flautas
as quatro vozes de quatro vates.

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