sentindo cantar-lhe aos ouvidos, que, em breve, se fechariam, de vez, aos sons e aos ruídos da vida, a doce música que Ihe embalara, em Ouro Preto, a mocidade longínqua, e que, no subdelírio, lhe voltava, com insistência, do subconsciente, à retentiva enfraquecida e quase apagada...
Meu pobre irmão! Meu incomparável amigo! Como a vida me parece, agora, vazia e escura, sem a tua companhia e sem o clarão de tua animadora presença!
Guardadas as proporções, poderei repetir as palavras de Francesco, um dos personagens do livro de Dmitry de Merejkowsky, — A Ressurreição dos Deuses, — quando, noticiando aos irmãos de Leonardo da Vinci a morte desse, em Florença, escreveu o seguinte:
"Não sei como exprimir-lhes a dor que me causou a morte daquele que era, para mim, mais do que um irmão. Por mais que viva, hei de chorar por ele, porque tinha, por mim, um amor terno e profundo. Aliás, todo o mundo, penso, há de lamentar a perda de um homem como ele, e que a natureza não saberá mais criar".
Junho – 1928.
§ 11.º
A 11 de janeiro de 1927, fui nomeado pelo presidente do Estado de Minas, dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrada — diretor interino do Arquivo Público Mineiro.
Permaneci na interinidade desse cargo por espaço de três anos e sete meses, isto é, de 13 de janeiro daquele ano a 11 de agosto de 1930.