Reina, impera — é o Czar! Sua terrível glória
Do polo enregelado ao Cáucaso se estende.
Os calmulcos imundos
Cercam-lhe o trono e a vida. E ler-se sua história
É ouvir-se a todo instante os rumores profundos,
Que irrompem do tropel dos esquadrões bravios
Dos tártaros sombrios...
— Imenso tropear que afoga os gritos cavos
E as doídas maldições de cem milhões do escravos!
CRISTO
Era uma idade atroz... forte e grandiosa.
Levantando altivíssima a alterosa
e fulgurante coma
Nas ruívas das nações se erguia Roma...
Trágica e má — das raças alquebradas,
Das velhas raças de remota história,
Afogando a existência, a força e a glória
— Num dilúvio flamívomo de espadas!
Não havia aplacá-la, nem dos perros
A queixa vil, nem dos heróis nos ferros;
Embalde o pranto acerbo
Sufocando, Mitrídates, soberbo,
Se erguera na Ásia aos rígidos embates
De fervidas paixões para, possante,
Lançar um trono no bulcão troante
Do torvelinho horrível dos combates!
Tombara Filopoeme — altivo o aspeito,
Concentrando no velho e frio peito
Todo o vigor guerreiro,
Todo o heroísmo de um país inteiro...
- E o que se passou então foi sublimado —
A Grécia, que era morta, morta e escrava
Transmudou-se num túmulo — heroica e brava
Para guardar seu último soldado...