A glória de Euclides da Cunha

Não lhe quebram o assomo, os eternos lampejos

Dos prélios que travou nas lutas do passado:

E a espada que fulgiu nas sombras da Germânia

Arranca-a em plena insânia,

Vibrando-a doidamente — e doidamente a enterra

Em pleno coração da sua grande terra...

Mas vêde-o no desterro...

— Que imensa solidão! que pavoroso estrago! —

Velho, proscrito e só!... ninguém à dor lhe assiste.

Só lhe é dado rever de alcantilado cerro

O vulto enorme e vago

Da pátria, além do mar... Dizei-me o que mais triste:

As ruínas daquela alma ou as ruínas do Cartago.

César trucida a Gália

E a Síria e o Egito e a Ibéria... à indômita ambição

Não lhe basta, porém, o Império vitorioso...

Desvaira: vai buscar nos campos de Farsália

Os sonhos de Pompeu; e os Tapsos — glorioso —

A energia moral austera do Catão.

Triufou! É feliz! Que importam dissabores

Dos rudes lutadores,

Feitos comparsas vis desses terríveis dramas,

Se Roma está em festa... e a Gália inteira em chamas!

No fórum certo dia:

"Tu quoque, Brute!" Estranho, este grito se ergueu.

Tumultua o recinto ante o ato formidável:

— César ferido, o peito em sangue e a fronte fria

Vacila, mas o seu

Aprumo não destrói. Cai, num tombo impecável,

Tragicamente, aos pés da estátua de Pompeu!

Ivan subjuga e prende

Ao carro triunfador os povos de dois mundos.

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