A glória de Euclides da Cunha

Como um correto fraque às costas de um corcunda,

Porque quando a paixão o nosso ser inunda

E vibra-nos na artéria e canta-nos no peito

(Como dos ribeirões no acachoante leito

Parar é sublevar)

Medir é deformar!"


Ai está, incompleto, imperfeito, impetuoso, todo o volume das Ondas e todo o Euclides de 1884.

Em 1906, encontrando por acaso este caderno, anotou: "Tinha 14 anos de idade. Observação fundamental para explicar a série de absurdos que há nestas páginas", acrescentando: "Contém, pois, a tua ironia, quem quer que sejas!"

A forma da maioria dos versos é, sem dúvida, incorreta. A pressa, o ardor, a impaciência da inspiração, a febre alta em que surgia, impelindo imediatamente à expressão escrita forçavam-no, não raro, às figuras artificiais de retórica, para os ajustar à métrica.

Algumas vezes não se contém e vem o comentário em prosa. É que a ele também se aplica o seu conceito no prefácio do Inferno Verde de Alberto Rangel: "um poeta exuberante demais para a disciplina do metro e da rima".

O que faltava às vezes em ritmo, em música, sobrava no sentimento, com que abrangia a natureza e a vida nos seus aspectos multiformes. É constantemente um deslumbrado pelos grandes ideais da espécie. Particularmente, a cada passo, a Abolição

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