INTRODUÇÃO
Abguar Bastos
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O homem do Acre, ainda que por processos diferentes, é igual ao homem da Califórnia. Um índice de civilização em terra feroz. Um primitivismo bárbaro no começo das suas relações sociais.
Acreano e californiano identificam-se melhor quando, no tumulto da terra, pregam, indelevelmente, um sinal de humanidade. Quando, depois da luta terrível, podem dizer ao mundo: — Eis que demos um destino a esta solidão!
Para o boliviano, ex-dono do Acre, aquilo sempre fora o deserto. Era o que ele chamava nos seus mapas de \"terras não descobertas\". Presumia-se que se tratava duma zona possuída pelo índios, pelos bichos e solitários aventureiros. Mas não havia nos caminhos nem um rasto de colonização.
Era o deserto. Contudo, ali nada havia de Saara, de Líbia, de Sibéria ou de Cariri. Havia, ao contrário, uma famosa mesopotâmia que se prolongava entre o Juruá e o Purus. Dentre dessas duas formidáveis bacias não havia reinos de argila seca, nem seculares dunas. Repontavam, sim,