dos holandeses. Os próprios edifícios se destacam pelo seu sentido de defesa. O Paço do Governador é propriamente uma "Casa Forte". O convento dos beneditinos, até ele, um fortim. Southey o dá mesmo como bastião da cidade antes da ereção da muralha.
Uma informação muito interessante é a que nos oferece o arquiteto e arqueólogo Morales de los Rios sobre as construções do Recife, em data um pouco posterior: as casas refletiam a ideia do perigo e a necessidade de defesa:
"A pirataria latente nos litorais brasileiros da época — diz ele — aconselhava esse aconchego e o caráter defensivo da habitação, característica que bem denunciam as sacadas recifenses feitas sobre cães de pedras suportando o estrado móvel e a varanda da sacada, que podiam ser retirados quando ameaçasse qualquer perigo externo, dificultando o assalto". (115)Nota do Autor
Isso no que diz respeito à organização da defesa urbana. No campo, critério equivalente era adotado, seja na construção dos "solares", seja no traçado dos arruados, como dissemos atrás. Parece que também predominou o cuidado (nota feudal) da ponte levadiça e o conjunto das construções era em quadro — a casa grande ligada à capela, esta à senzala, desprovida de portas de fundo, o engenho, a casa de purgar e outras dependências, formando um pátio retangular de grande coeficiente de segurança, quer quanto às invasões de malfeitores e bugres, quer quanto — mal que tanto afetava a economia dos engenhos — à evasão dos negros. Koster, referindo-se à povoação de Mananguape, sem ligar o fato à questão da segurança,