Viagem ao Tapajós

Belém não perde para nenhuma cidade de igual população, da Europa ou da América do Norte. É mais rica que muitas, mais progressista, e não obstante, quando quero plantas agrestes para o meu jardim, encontro a floresta virgem a dois quilômetros do centro urbano. É uma cidade americana, pelo seu progresso e espírito de iniciativa, e latina, pelo seu gosto pelas letras e artes. A ciência inicia neste momento uma bela arrancada, capaz de levar o Estado a uma situação de relevo nos centros intelectuais.

O Pará compenetra-se seriamente dos seus destinos futuros. Falta-lhe tão somente ser mais conhecido, ser melhor conhecido.

Seus habitantes sabem bem que são os senhores da grande bacia fluvial, que o clima do rei dos rios é clemente para com os colonos desembarcados da Europa, o que lhe faculta ser povoado por estes e não pelos negros das Antilhas ou da Guiné. E apesar disso, ainda que delicados e obsequiadores, são mais reservados que audaciosos nas suas iniciativas. São como quem carregasse o fardo de um tesouro muito precioso, mas frágil. Marcham a passos contados, receosos de uma queda que, em verdade, poderia ser perigosa.

Para mostrar o que vale o grande sudoeste paraense, Tapajós, alto Tapajós e São Manoel, basta referir que se povoa sem auxílio algum do Estado, já que os interesses políticos findam na entrada da primeira cachoeira. Povoa-se pelo simples esforços de algumas iniciativas individuais inteligentes de previsão.

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