Viagem ao Tapajós

Ora, pelo fato de serem estes colonos inteligentes, laboriosos, honestos e simpáticos, não é caso para que o governo os abandone à proteção das suas próprias virtudes. Se de Santarém a Maranhãozinho o Pará possui direitos e deveres, de Maranhãozinho a Salto Augusto, sua responsabilidade de deveres é consideravelmente maior.

Os que povoam as cachoeiras do Tapajós, do alto Tapajós e do São Manoel realizam obra proveitosa, que merece ser amparada. Estes colonos, estes pioneiros do Tapajós das cachoeiras são uma raça simples e boa, ativa até o heroísmo, proba e empreendedora. Vi sempre o flagrante contraste entre os que permanecem na margem tranquila do rio e os que afrontam as suas corredeiras; os que ficam na entrada do primeiro pedral, e os que furaram a subida; entre os comerciantes de baixo e os trabalhadores de cima.

Não é só a borracha, explorada até Salto Augusto e abundante mesmo no centro de Mato Grosso, onde constitui a ocupação das gentes de Diamantina, logo acima dos Campos Gerais, e no Arinos, o Sumidouro, o rio Preto e o baixo Juruena, que faz a riqueza do Tapajós. Ela é apenas a principal fonte de renda presente.

Saber o que produz a borracha, será um tanto difícil, mesmo aos mais qualificados. Os homens ocultam modestamente a recompensa obtida pelos seus esforços.

Vi, porém, pequenas fortunas em várias casas. Descobri-as acidentalmente. Ninguém praticou a ostentação de mas mostrar. E posso afirmar que se tivesse uma renda anual equivalente às de Paulo

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