Viagem ao Tapajós

Na manhã seguinte, acompanhados pelo nosso equilibrista, que rema na nossa canoa, atravessamos de Furnas à ilha do Cuatá.

Duas pequenas cachoeiras, perigosas nesta epoca, Cuatá e Trovão, cortam o canal oriental do rio; o ocidental, ou braço de Cuatázinho, que não apresenta senão a cachoeira de igual nome, não tem água suficiente para que passemos com a nossa igarité. Cuatázinho, não praticável no verão, está com seus pedrais recobertos duma vegetação de arbustos raquíticos, formando uma como cortina unindo as duas malas vizinhas.

A pequena ilha do Cuatá é a primeira das duas grandes estações do caminho por terra - Cuatá e Apuí — na passagem das cachoeiras do baixo Tapajós. Em Cuatá e Trovão as embarcações passam vazias; a carga é transportada por terra. Desta forma, mesmo tendo alguma sorte, são vários dias perdidos no fastidioso trabalho de carregar à costa de homem, por maus atalhos, mercadorias frágeis ou estorvantes. Chegados a Cuatá a 26 de agosto, só a 2 de setembro à noite chegamos à casa de Manoelzinho, a montante do Apuí, cerca de uma légua do ponto de partida.

Cuatá é um curto e vigoroso rápido durante as cheias; seus rebojos formam funil. Nessas ocasiões, toma-se por um estreito canal, no lado oriental, canal já quase em seco nas águas médias.

Trovão, a despeito do seu nome rumoroso, não passa duma cachoeira de terceira ordem, nem bastante barulhenta, nem bastante perigosa.

Apuí é das mais respeitadas. Na sua bacia central, espécie de circo apertado a menos de cem

Viagem ao Tapajós - Página 31 - Thumb Visualização
Formato
Texto