A aculturação negra no Brasil

Uma pancada infeliz, e lá se foi a obra. Uma atitude inconveniente, um exemplo pernicioso, uma palavra leviana, e é uma tendência má, uma perversão que se perpetua na alma da criança. Não é por outra razão que psicólogos e antropologistas procuram perquirir o sentido dos atos da vida adulta na nebulosa infantil que lhe precedeu. O heroísmo e a pusilanimidade; a lealdade e a dobrez; a sobranceria e a timidez; a credulidade e a suspicácia têm aí suas raízes. Se a escultura, sacrificada por um erro, pode ser substituída — a aberração, o desvio, o vício, impressos na alma infantil, são irreparáveis. A história psíquica do homem tem na infância seu preâmbulo. As manifestações dispersas da vida psíquica não são estados independentes, com significação autônoma, mas partes integrantes de unidade inseparável. As expressões da vida variam na idade adulta, apenas, para revestirem forma adequada a esse estágio da evolução, mas, em substância, não diferem dos estados psíquicos da infância. As diferenças entre uns e outros incidem sobre a "forma externa", "a verbalização das manifestações da alma, isto é, o fenomenal; mas os fundamentos, o objetivo, o ritmo e a dinâmica, tudo o que inclina a vida para a meta, permanece invariável".(1) Nota do Autor

Baseado nas observações especializadas que fez, diz Alfredo Adler que, se o adulto manifesta, por exemplo, caráter desconfiado e apreensivo, será fácil verificar que, na infância, foi ele agitado pelos mesmos desassossegos, embora com expressão infantil e mais fáceis de serem observadas. Por isso preconiza, com o método para conhecimento do caráter formado, a anamnese da infância. Com esse critério, afirma haver desvendado a infância de muitos homens, sem qualquer confidência. As passagens

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