A aculturação negra no Brasil

ao estigma de sua maldição. Presa de complexo de inferioridade que ajudaram a propagar, acabaram eles próprios por acreditar no que difundiram e, meros espectadores do Brasil, desfigurado por sua vesânia — pateiam-no para que ninguém os tome pela claque ignara que o aplaude. Fornecedores de clientela requintada, a que apraz o escatológico, a seu faro apurado não escapa o pútrido, onde quer que se oculte. Se a história depõe, sem reservas, em favor do Brasil, haverá sempre um recanto velado onde deparem o estercorário o pestífero, o nauseabundo.

Por mais minucioso que seja o conhecimento do espírito humano sobre qualquer fato, não se dá o homem por satisfeito, enquanto não o qualifica sob o ponto de vista da utilidade que lhe presta ou de sua conformidade com o sistema de vida que adotou. O bom e o mau são o critério último, na apreciação dos fatos e das cousas. Não existindo fatos simples, mas constituídos de elementos múltiplos de índole vária, a visão sintética deles, sob o critério apontado, terá que ser dada de acordo com os caracteres preponderantes, por seu número ou importância deles, pois muitos acidentes não valem uma qualidade relevante, para a qualificação. O julgamento dos fatos envolve, pois, necessariamente, a abstração dos caracteres subalternos. Daí serem sempre relativos os juízos humanos. Quando então, se trata de fatos históricos, as dificuldades de julgamento assumem proporções quase insuperáveis, pois que, sendo eles os mais complexos de todos, a síntese que precede a seu julgamento, corre o grande risco de desprezar circunstâncias que, se fossem consideradas, poderiam contribuir para conceito diferente do formado. Por outro lado, o crítico histórico jamais poderá fiar-se na fidelidade da tradição, que lhe depõe sob os olhos, o material sobre

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